https://www.youtube.com/watch?v=tYtXh7WofsI O Padre PAULO RICARDO DE AZEVEDO MARQUES explica as diferenças entre a Bíblia Católica e a Bíblia Protestante. Livre para comentários. educação, cultura, história, vídeo educativo, vídeo informativo, pedagogia, didática, política, economia, finanças, finanças públicas, gestão pública, administração pública, serviços públicos, serviços básicos, serviços essenciais, saúde, saúde pública, saúde mental, psiquiatria, psicologia, psicanálise, psicoterapia, ciências sociais, sociologia, relação social, classe social, movimento social, tradição, usos e costumes, justiça social, defesa social, inclusão social, organização social, ordem social, manipulação social, controle social, comunicação social, meios de comunicação social, filosofia, moral, ética, antropologia, teologia, religiosidade, história das religiões, jesus cristo, cristão, cristã, cristianismo, história do cristianismo, história do catolicismo, bíblia sagrada, superstição, crendice, segurança pública, ordem pública, polícia, poder legislativo, parlamento, justiça, poder judiciário, direitos humanos, direitos fundamentais, direitos civis, direitos sociais, direito constitucional, direitos individuais, liberdades individuais, ordem legal, ordem jurídica, ordem constitucional, direitos e garantias constitucionais, direito administrativo, direito econômico, direito de família, casamento, estatuto da família, estatuto da criança e do adolescente, eca, matrimônio, enlace matrimonial, união matrimonial, união estável, cônjuge, fidelidade conjugal, infidelidade conjugal, relação extraconjugal, adultério, divórcio, direito criminal, direito penal, religião, crença religiosa, fé, igreja católica apostólica romana, icar, catolicismo, protestantismo, luteranismo, calvinismo, pentecostalismo, neopentecostalismo, vaticano, santa sé, praça são pedro, cardeal jorge mário bergoglio, papa francisco, sumo pontífice, santo padre, devoção, veneração, padre paulo ricardo de azevedo marques, brasil, américa do sul, américa latina, religion, education, Catholicism (Art Period/Movement), Roman Catholic Church (Organization Founder), Vatican City (Country), Mass (Religious Practice), Pope Francis (Religious Leader), Religious Fanaticism, Religious Intolerance, Man (Art Subject), Woman (Broadcast Genre), Family (Quotation Subject), Politics (TV Genre),
Não é segredo para ninguém que boa parte dos Cristãos tem se ocupado em atacar a Septuaginta com inverdades típicas daqueles que não tem o menor conhecimento sobre o assunto. Mentiras tão frágeis que parecem piada , pois não conseguem se sustentar com os reais fatos.
E uma dessas mentiras que mais tem chamado minha atenção é sobre a questão de Jesus não ter usado ou citado a LXX, tais pessoas que tem se ocupado em denegrir essa antiga tradução das escrituras deveriam pelo menos embasar suas afirmações de forma robusta e principalmente com fontes, pois a política do achismo é algo temerário e até mesmo bizarro.
Nesse artigo não me preocuparei com as citações dos santos Apóstolos em que eles fazem uso da versão dos setenta, mas sim com algumas das citações do próprio Senhor Jesus usando a Septuaginta (que pode ser a própria versão grega ou um texto hebraico que quando vertido para o grego concorda com a LXX ao invés do texto massorético).
Método a ser usado no trabalho
Mostrarei a referência escriturística neo-testamentária onde Jesus Cristo cita o Antigo Testamento, em seguida compararei a citação usando a LXX, o Texto Massorético e as seguintes traduções do texto hebraico para o português ACF e NVI. E também, a tradução para o inglês do Tanak chamada de JPS.
O texto grego a ser usado para o novo testamento é o chamado The Greek New Testament, Fourth Revised Edition e para a Septuaginta será utilizado a Septuaginta: Id est Vetus Testamentum graece iuxta LXX interpretes. Já para o texto hebraico usarei a Biblia Hebraica Stuttgartensia.
Acabando com o conto de fadas dos inimigos da Septuaginta
A partir de agora começaremos o estudo de duas passagens passagens em que o Senhor e Autor da Vida faz uso da Versão dos Setenta, dando assim o o exemplo que inspiraria Seus Apóstolos e os Pais da Igreja a terem grande apreço e veneração para com tal texto.
a) Jesus citando Deuteronômio 6:13 em Mateus 4:10 e Lucas 4:8.
Abaixo vemos o registro escriturístico de Jesus usando as escrituras do velho testamento em seu diálogo com Satanás, o texto sublinhado é a citação vetero-testamentária que analisaremos em seguida.
– τότε λέγει αὐτῷ ὁ Ἰησοῦς, Ὕπαγε, Σατανᾶ• γέγραπται γάρ, Κύριον τὸν θεόν σου προσκυνήσεις καὶ αὐτῷ μόνῳ λατρεύσεις. (Mat 4:10)
– καὶ ἀποκριθεὶς ὁ Ἰησοῦς εἶπεν αὐτῷ, Γέγραπται, Κύριον τὸν θεόν σου προσκυνήσεις καὶ αὐτῷ μόνῳ λατρεύσεις. (Luc 4:8)
Agora vamos ver o que a Septuaginta diz:
– κύριον τὸν θεόν σου προσκυνήσει καὶ αὐτῷ μόνῳ λατρεύσεις καὶ πρὸς αὐτὸν κολληθήσῃ καὶ τῷ ὀνόματι αὐτοῦ ὀμῇ. (Deu 6:13)
De fato, como era de se esperar, o discurso de Jesus Cristo registrado pelos Apóstolos e Evangelistas Mateus e Lucas concordam com a Septuaginta. Mas, será que o texto massorético está de acordo com a fala de Jesus?
Vejamos:
אֶת־יְהוָה אֱלֹהֶיךָ תִּירָא וְאֹתוֹ תַעֲבֹד וּבִשְׁמוֹ תִּשָּׁבֵעַ׃ (Deut 6:13)
O texto hebraico acima, segundo as versões brasileiras (ACF e NVI, respectivamente) e a tradução judaica é traduzido da seguinte forma:
– O SENHOR teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás.
– Temam o Senhor, o seu Deus, e só a ele prestem culto, e jurem somente pelo seu nome.
– Thou shalt fear the LORD thy God; and Him shalt thou serve, and by His name shalt thou swear.
Vemos então que o texto hebraico não traz a ideia de adoração (προσκυνέω) e sim de temor e medo (יָרֵא). Mas se o leitor quiser extrapolar (e muito) e disser que temor pode ser sinônimo de adorar, então podemos dizer que Jesus também citou o texto massorético. Mas sabemos que esse não é o caso!
Jesus leu a Septuaginta ou um texto hebraico diferente do massorético ao citar as escrituras. E o que é mais impressionante e causa revolta aos inimigos da LXX, Jesus antes de citar a tradução dos setenta usa a famosa fórmula que concede autoridade: “Está escrito”!
b) Jesus citando o Salmo 8:2 (8:3) em Mateus 21:16.
Agora iremos analisar outra citação em que o Senhor Jesus usa o antigo testamento em seus embates com os fariseus. Primeiramente o texto grego do Novo Testamento e sem seguida a LXX.
– καὶ εἶπαν αὐτῷ, Ἀκούεις τί οὗτοι λέγουσιν; ὁ δὲ Ἰησοῦς λέγει αὐτοῖς, Ναί. οὐδέποτε ἀνέγνωτε ὅτι Ἐκ στόματος νηπίων καὶ θηλαζόντων κατηρτίσω αἶνον; (Mat 21:16)
– ἐκ στόματος νηπίων καὶ θηλαζόντων κατηρτίσω αἶνον ἕνεκα τῶν ἐχθρῶν σουτοῦ καταλῦσαι ἐχθρὸν καὶ ἐκδικητήν. (Sal 8:3)
Como já era de se esperar, o Senhor Jesus citou mais uma vez a Septuaginta só que dessa vez usando outra fórmula para chamar as escrituras, que é fazendo uso da frase: “Sim, não lestes … ?”.
Mas o que diz o texto massorético no Salmo 8:3?
מִפִּי עוֹלְלִים וְיֹנְקִים יִסַּדְתָּ עֹז לְמַעַן צוֹרְרֶיךָ לְהַשְׁבִּית אוֹיֵב וּמִתְנַקֵּם׃ (Sal 8:3)
O texto hebraico acima é traduzido da seguinte forma na ACF, NVI e JPS respectivamente:
– Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.
– Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza, por causa dos teus adversários, para silenciar o inimigo que busca vingança.
– Out of the mouth of babes and sucklings hast Thou founded strength, because of Thine adversaries; that Thou mightest still the enemy and the avenger.
Em todas elas nós constatamos que há divergência com as palavras de Jesus Cristo ao citar esse salmo, pois elas falam de ‘firmar força’ ou ‘ordenar força’ ao invés de ‘perfeito louvor’ (κατηρτίσω αἶνον) como é encontrado na Septuaginta e no Novo Testamento. E agora, Jesus citou ou não citou a Septuaginta?
Evidências da veracidade da Tradução dos Setenta em Deuteronômio 6:13 e Salmos 8:3
Ainda existem em pleno século XXI pessoas que creem que a Septuaginta é fruto de uma possível tradução feita por Orígenes de Alexandria, tal ideia advém da má interpretação (por parte dos descrentes) de uma das colunas do monumental trabalho de Orígenes denominado de Hexapla.
Em verdade a coluna da Hexapla que causa os maus entendidos nada mais é do que um trabalho de Crítica Textual onde Orígenes correlaciona a Septuaginta com a tradução grega de Teodócio e também comparando com o texto hebraico, mostrando dessa forma onde a LXX não seguia o texto hebraico vigente na época.
Agora, como provar que esses textos da LXX de fato existiram se não há manuscritos gregos do século I de nossa era e muito menos anteriores a Cristo? Para isso basta consultarmos a versão bíblica chamada de Vetus Latina (Latim Antigo) que foi uma antiga tradução feita a partir da Septuaginta por volta do século I d.C. pelos primeiros missionários cristãos de Roma.
No mais encontrando essas duas referências nessa antiga versão latina será possível provar que esses textos Septuagintais já existiam no século I. Por sorte, essas duas referências sobreviveram em manuscritos da Vetus Latina! Vejamos então o conteúdo de Deut 6:13 e Salmos 8:3 nessa versão que antecedeu a famosa Vulgata Latina:
– ne oblivifcaris Domini Dei tui, qui te eduxit de terra AEgypit, e domo ferveturis. Dominum tutis. Dominum Deum tuum adorabit, & illi foli fervies, ac per nomen illius jurabis. (Vetus Latina – Deut 6:13)
– ex ore infantium et lactantium perfecisti laudem propter inimicos tuos ut deftruas inimicum et defenforem.(Vetus Latina – Salm 8:3)
Pode-se observar das passagens acima (nos termos sublinhados) que esses textos foram traduzidos diretamente da Septuaginta, pois os termos que o Senhor Jesus usou no Novo Testamento (προσκυνέω e κατηρτίσω αἶνον) são os mesmos que ocorrem na LXX e Vetus Latina (adorabit e perfecisti laudem) e ambas são dispares em relação ao texto medieval massorético.
Conclusão
Após esse pequeno estudo é uma consequência, através da análise dos dados escriturísticos, concluirmos que o Nosso Senhor Jesus Cristo usou a Septuaginta. Claro que há uma possibilidade igual dele ter lido uma variante textual hebraica que foi usada para traduzir a Septuaginta, mas isso não exclui o fato d’Ele ter lido e citado uma escritura que difere do texto medieval massorético, seja a Septuaginta ou o texto hebraico usado para gerar a LXX.O assunto em voga começa a ficar mais interessante quando usamos as citações da LXX proferidas pelos próprios apóstolos nos Evangelhos, Epístolas e no Apocalipse uma vez que tais citações são muito mais abundantes.
Bibliografia:
1 – ABEGG, M. G.; Flint, P.; Ulrich, E. The Dead Sea Scrolls Bible: The Oldest Known Bible Translated for the First Time into English. Harperone, 2002.
2 – CHIRICHIGNO, G. C.; Archer G. L. Jr. Old Testament Quotations in the New Testament: A Complete Survey. Wipf & Stock Publishers, 2005.
3 – RAHLFS, A. Septuaginta Id Est Vetus Testamentum Graece Iuxta LXX Interpretes. S.l.:Privilegierte Württembergische Bibelanstalt, 1935. 2 vol.
4 – WEBER, R. et al. Biblia sacra: IuxtaVulgatam versionem. S/l: Hendrickson Publishers, 2007.
5 – SABATIER, P., Didot P. F. Bibliorum sacrorum latinae versiones antiquae, seu Vetus italica: quae cum vulgata latina, & cum textu graeco comparantur. Franciscum Didot,1751.